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ROMÂNTICO
Jihoon/Mingyu
Sumário
jihoon quer viver o amor e mingyu lhe proporciona a mais bela experiência.
Amor. A imensidão e o finito juntos numa única palavra. Na verdade, nunca houvera uma definição que fosse exata e explicativa o suficiente para ser agregada a esse termo.
Muitos dizem que amor não vale a pena; que não é digno do que dizem por aí; que nunca passou de uma fantasia criada pelos livros e filmes; não existe algo assim no mundo real. No entanto, Jihoon não queria crer nisso.
Borboletas no estômago, coração acelerado, respiração descompassada, agir por emoção. É baboseira. Fantasia. Criancice.
Cresça, Jihoon! O amor não existe!
Se apaixonar tão perdidamente por alguém a ponto de sentir o coração doer. Fazer de tudo e mais um pouco para colocar um sorriso no rosto da pessoa amada. Dividir segredos e gostos. Dormir nos braços de alguém e acordar no mais confortável dos abraços. Ilusão. Sonho. Delírio.
Mas o amor é algo tão bonito nos livros, ele não queria crer que estava se iludindo esse tempo todo. Não queria aceitar que nunca encontraria alguém para se entregar de corpo e alma. Não conseguia.
Livros e mais livros. Pilhas de filmes assistidos. Centenas de músicas ouvidas. Tudo para alimentar esse anseio em seu peito.
Jihoon queria amar, como também queria ser amado. Queria perder o ar com apenas um olhar. Queria sentir o coração acelerado e um arrepio na espinha. Queria passar a noite com alguém, debaixo do céu estrelado. Queria não se sentir tão necessitado de certa adrenalina correndo em suas veias. Queria vivenciar todas as experiências de uma paixão, tanto as boas como as ruins, não importava.
Mas o desamor alheio estava começando a lhe vencer. Fazendo-o começar a questionar-se que, talvez, o amor não existisse realmente. Não parece louco você amar alguém o suficiente para que a sua própria existência se torne irrelevante?
Jihoon estava quase convecido de que tudo não passara de um desejo inalcançável, até que conheceu Mingyu.
Então seu mundo tomou novas cores, novos pontos de vista, novos rumos. Ele passou a sentir os tão ansiados arrepios na espinha, as ditas borboletas no estômago e o desejo insaciável pela companhia um do outro.
Mingyu se tornou a personificação do amor e Jihoon se sentiu grato. Finalmente sabia como era a sensação de amar e gostava dela.
Faria tudo por Mingyu, daria todas as forças em seu corpo só para vê-lo sorrindo. Jihoon sentia como se o mundo inteiro devesse agradecer por existir alguém como Mingyu caminhando por aí como se não carregasse um universo inteiro consigo.
Mingyu era a luz e a escuridão, era a sobremesa mais doce e o prato mais salgado, era a flor e o espinho, o mar e as ondas, era tudo que há de bom e tudo de mais sombrio que existia. Ele era o começo e o fim, era o melhor filme que Jihoon alguma vez vira, era a melodia que compunha a mais bela das canções e o melhor enredo já criado para uma história.
Jihoon estava apaixonado. Finalmente. E também era a paixão de alguém.
E então tudo que alguma vez lhe disseram sobre o amor caiu por terra. Agora ele sabia o que era o amor e podia descrevê-lo com suas próprias palavras.
O amor era tudo que havia de mais bonito e poético no universo. O amor era um calorzinho bom no peito. O amor é um bom café e uma música boa depois de um dia cansativo. E, agora, Jihoon poderia dizer que o amor também é Kim Mingyu.
É aquele garoto com todas as suas nuances, todos os seus medos e desejos, os seus sorrisos mais belos e as risadas mais doces; é a voz calma e serena que sai por seus lábios e saudam os ouvidos de Jihoon; é o calor dos seus braços envolvendo o corpo de Lee, que é ridiculamente menor; é o seu perfume amadeirado que se espalha pelo ar e faz com que Jihoon se sinta em casa.
O amor parecia ser a droga mais viciante e talvez fosse por isso que Jihoon nunca conseguiu abandoná-lo.
Porque, no fim, Lee Jihoon ainda é a porra de um romântico.
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DOURADO
Wonwoo/Mingyu
Sumário
Mingyu reflete profundamente sobre o que sente em relação a Wonwoo.
O sol descia lentamente pelo céu, escorregando preguiçosamente para trás das altas árvores e casas da rua de Wonwoo. A luz dourada invadia majestosamente o quarto do garoto e pintava sua pele quase pálida de tons dourados, enquanto dava à sua silhueta um contorno angelical fazendo suas singelas curvas se ressaltarem. O tronco pouco encorpado subia e descia lentamente, numa calma de outro mundo, enquanto ele dormia profundamente. Os cabelos escuros caíam sobre seu rosto incrivelmente definido, por vezes os fios balançavam com o retorno da respiração que batia em seus braços, estes que serviam de apoio para sua cabeça.
Enquanto o tempo parecia passar centenas de vezes mais devagar, Mingyu se perdia em pensamentos enquanto observava o rapaz que dormia na sua frente, separados por meros centímetros. A visão beirava o paraíso e ele queria congelar o tempo para que aquilo nunca acabasse.
Naquele momento, perdido no seu próprio mar de sentimentos e pensamentos, Mingyu se sentiu feliz. Feliz por ter conhecido Wonwoo, por ter partilhado momentos especiais com ele, por ter descoberto como era a sensação de amar e ser amado. Ele se sentiu feliz por Wonwoo simplesmente existir.
Era um garoto sortudo também, afinal ele teve a chance de viver no mesmo tempo que um ser tão incrível e magnífico como o jovem Jeon. Ele se sentia sortudo por poder estar ao lado dele todos os dias. Mingyu sempre achou que ganhar na loteria seria a melhor coisa que poderia acontecer em sua vida, quando, na verdade, a melhor coisa que lhe aconteceu estava o tempo todo na biblioteca da escola, praticamente escondido entre dezenas de livros.
Ele respirou fundo, sentindo cada nota aromática do perfume de Wonwoo que pairava no ar, numa tentativa de marcar para sempre esse cheiro em sua memória. E então ele sorriu de forma terna. Grato por estar ali. Grato por ter Wonwoo.
E foi naquele momento que Mingyu se viu numa rua sem saída. Se sentiu na ponta de um penhasco prestes a cair numa imensidão sem fim. Ele não tinha mais pra onde correr, mas também não era como se ele quisesse fazê-lo — na verdade, ele nunca cogitou ir a lugar nenhum, afinal queria estar perto de Wonwoo, para sempre.
Mingyu, que trocava de companhia com frequência, de repente, se viu preso à uma única pessoa. Estava preso, acorrentado, algemado a Jeon Wonwoo e sabia que já havia perdido a chave do cadeado há muito tempo. Estava irreversívelmente apaixonado pelo garoto dos cabelos escuros e sorriso tímido. Amava Jeon Wonwoo e queria poder gritar isso para todos os cantos do planeta, porque aquela era a única certeza que ele tinha em sua vida.
Entre um pensamento e outro, Mingyu levou sua mão, leve e cuidadosamente, em direção aos fios macios de Wonwoo, tocando-os com a maior delicadeza do mundo para que não o acordasse. Num breve sussurro, ele concretizou as palavras que rondavam sua mente toda vez que os seus olhos encontravam os do mais velho:
— Eu te amo.
O silêncio permaneceu reinando no ambiente, agora mais escuro já que o sol praticamente desaparecera do céu, Mingyu continuou com as leves carícias no cabelo de seu amado.
— Desde o primeiro dia e prometo fazê-lo até o último.
O sorriso em seu rosto aumentou quando ele viu os olhos escuros que tanto amava se abrirem lentamente e o encararem com firmeza. Um sorriso ladino apareceu nos lábios de Wonwoo e ele levou sua mão de encontro à de Mingyu, pousando-a sobre a mesma e entrelaçando seus dedos. Naquele momento Mingyu apontou o óbvio: amava Wonwoo e sabia que o sentimento era correspondido. Ao deitar-se com o namorado, Mingyu desejou que aquilo que eles tinham perdurasse até que seus corpos falhassem e viessem a dar os seus últimos suspiros.
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BEST MATES
Wonwoo/Mingyu
EPISÓDIO UM
(26.08.2020)
Sumário
Mingyu e Wonwoo são melhores amigos de infância, dividem o mesmo apartamento e compartilham um crush mútuo em segredo.
Wonwoo apertava freneticamente os botões do controle em suas mãos na tentativa de dar a sua melhor performance no jogo. Eventualmente alguma reação era vocalizada, ora em comemoração, ora em frustração. Os sons do mundo externo não lhe chegavam aos ouvidos, uma vez que o fone que ele usava abafava todos eles. Seus amigos gritavam tanto na chamada de voz que ele acabava rindo das reações exageradas de tempos em tempos. Nessas circunstâncias, seria praticamente impossível ouvir a porta do quarto sendo aberta ou os resmungos que vieram em seguida, isso se o cheiro que invadiu as marinas de Wonwoo não o tirassem de seu mundinho instantaneamente.
Ele removeu um lado do fone de ouvido enquanto girava no eixo da cadeira para se deparar com a cara incomodada de seu colega de quarto e melhor amigo — e ainda seu "crush" platônico, mas isso ninguém precisava saber. Mingyu, tradicionalmente, carregava um de seus suéteres pendurado nos ombros e tinha a sobrancelha franzida em frustração.
— O que aconteceu? — Wonwoo perguntou após colocar seu microfone no mudo, impossibilitando que seus amigos ouvissem a conversa.
— Ah, essa desgraça de grêmio estudantil. Acredita que eles ainda estão discutindo o orçamento e o baile é em três meses! Fala sério, a gente já deveria estar com metade dos contratos prontos!
Mingyu exclamou, claramente incomodado. O garoto sempre quis fazer parte do grêmio e quando conseguiu, deu o melhor de si, sempre, para que tudo ocorresse corretamente. Ele fazia um ótimo trabalho, Wonwoo nunca negou, mas aquilo o esgotava de uma forma nada agradável. Toda vez que Mingyu aparecia assim, Wonwoo sentia uma vontade imensa de dar uma lição em todos os responsáveis pelo estresse do garoto.
— Calma, Gyu, vai dar tudo certo no final. Você está no time, nada dá errado quando é você quem organiza.
Ele tentou o seu melhor para animá-lo, como vinha fazendo nos últimos seis anos, e sabia que havia conseguido quando o semblante de Mingyu suavizou. O rapaz ofereceu um sorriso ladino ao amigo e se atirou na cama enquanto suspirava. Wonwoo poderia voltar ao jogo agora mesmo se não conhecesse tão bem o amigo. Mesmo com o sorrisinho, ele ainda estava irritado e Wonwoo sabia exatamente o que fazer para animá-lo totalmente.
Ele saiu da partida que estava, nem se importando com a pontuação — ele sabia que recuperaria sem muito esforço — e se dirigiu lentamente para a cozinha. Após alguns minutos, ele volta para o quarto e encontra Mingyu sentado na cama agora, ele oferece a xícara de chocolate quente para o garoto e sorri quando vê o leve brilho no olhar do amigo. O mais novo pega a xícara e ingere a bebida sem exitar, soltando um som de aprovação em seguida.
Com uma risada nasalada, Wonwoo volta a sentar-se e pega o fone novamente para poder retornar ao seu jogo, mas antes mesmo de completar a primeira tarefa, seus olhos encontram com os de Mingyu e ele suspira em derrota.
— Tudo bem, tudo bem, só um pouco. Mas só porque você tá com essa cara de cachorro perdido.
Wonwoo vira a cadeira na direção do mais novo e em poucos segundos, Mingyu estava sentado em seu colo. As mãos dele descansavam no final das costas de Wonwoo, esse que circundou a cintura do amigo e segurava confortavelmente o controle à sua frente, atrás do mais novo. Ele sentiu Mingyu deitar a cabeça em seu ombro e não resistiu à tentação de lhe fazer breves carícias na nuca, recebendo um suspiro vindo de Mingyu.
— Você quer reclamar dos seus colegas? Prometo prestar atenção dessa vez.
— Eu duvido, mas aceito. Preciso tirar essa raiva de mim. — Mingyu responde em tom divertido e Wonwoo assente.
— Galera, vou desligar o microfone por um tempinho, okay? — O mais velho falou no microfone e ouviu os amigos concordarem rapidamente.
Sem mais delongas, Mingyu começou a falar de tudo que lhe incomodava nessa situação toda. Wonwoo retomou seu jogo, porém mantendo a atenção em tudo que seu amigo falava e eventualmente respondendo às suas exclamações com monossílabos breves.
Quando Mingyu parou de falar, Wonwoo já havia fechado o jogo havia alguns minutos. Agora seus dedos brincavam com os fios escuros de cabelo da nuca de Mingyu. Ele chegou a considerar a possibilidade do garoto ter adormecido e já começou a bolar dezenas de planos para colocá-lo na cama sem lhe acordar. Mas, como se ouvisse os pensamentos de Wonwoo, Mingyu se afastou o suficiente para encarar os olhos afiados do amigo. Ele afastou rapidamente algumas madeixas de cabelo que lhe caíam sobre os olhos e sorriu ao ver as orelhas de gato no topo de sua cabeça, presas ao fone que ele não se dera ao trabalho de tirar.
— Obrigado por me ouvir, de novo. Ou tentar. — Ele bate levemente nos fones do amigo, Mingyu tinha um sorriso pequeno nos lábios e um olhar estranho, que Wonwoo demorou a decifrar. — Eu sei que esse tipo de assunto te deixa entediado pra caramba e por isso sou grato por você ficar ouvindo mesmo assim.
— Eu sou o seu melhor amigo, sempre vou estar aqui quando algo te incomoda. Sem falar que já estou acostumado com você choramingando por causa desse grêmio estudantil.
Mingyu ri baixo e acaba bocejando, Wonwoo observa atentamente como é adorável a forma que ele coça os olhos quando está com sono — parece uma criança, ele pensa sozinho. Mingyu acaba encontrando o olhar do amigo e sua expressão muda, ficando tensa repentinamente. Eles ficam presos ali por alguns segundos e Wonwoo não consegue descrever a sensação em seu estômago, muito menos dizer o motivo da aceleração inesperada de sua respiração. Enquanto isso, Mingyu jurava que o mais velho podia ouvir seu coração batendo mais rápido que o normal ou, até mesmo, sentir o calor que se instalava em seu rosto.
De um momento para o outro a atmosfera do quarto mudou completamente, antes era amigável mas agora estava pesada; tensa. Numa vacilada, o olhar de Mingyu caiu para os lábios de Wonwoo e então tudo ali se fez mais presente. Ele sentia as coxas tensas de Wonwoo sob as suas; sentia as palmas das mãos quentes dele na sua cintura; o cheiro do mais velho agora parecia embriagá-lo. Atônito com tudo e prestes a entrar em pânico, Mingyu se prepara para sair dali e se afundar nos edredons macios de sua cama, mas o aperto forte em sua cintura o faz ficar exatamente no lugar.
Quando ele tomou coragem de encarar Wonwoo novamente, foi surpreendido pela aproximação repentina, mas cuidadosa, do garoto. Ele parou à milímetros de distância, seus nariz tocavam-se e as respirações quentes e pesadas se misturavam no pequeno espaço entre seus rostos. Era como se Wonwoo estivesse pedindo autorização.
Sem mais nenhum segundo de enrolação, Mingyu tomou a iniciativa e colou seus lábios aos do mais velho. Ele tentou não pensar muito no que estava fazendo, ignorou completamente o fato de estar beijando o seu melhor amigo — e ignorou mais ainda o fato de estar gostando da sensação. Simultaneamente, Wonwoo entrava em pânico em silêncio. Seu coração disparou e ele não suportava o sentimento no fundo do seu estômago, era como um profundo formigamento porém mais intenso. Ele estava em choque com a iniciativa de Mingyu, mas estava mais surpreso ainda por não se arrepender de ter iniciado aquilo, naquele momento tudo que importava era a maciez dos lábios de Mingyu sobre os seus.
Mingyu cuidadosamente tentou aprofundar o beijo, tendo sucesso quando Wonwoo o deixou transformar o selinho em um beijo caloroso. As mãos de Mingyu foram ágeis e viajaram do final das costas do mais velho até sua nuca em segundos, onde agora puxavam levemente os fios presentes na área. Entre os sons estalados e suspiros involuntários, Wonwoo, sem pensar muito, apertou a cintura de Mingyu, fazendo-o se aproximar mais ainda e acabar pressionando seu corpo contra a virilha do mais velho. O ato impensado ocasionou um gemido quase que automático saindo da boca de Wonwoo, o que de alguma forma fez algo clicar na cabeça de Mingyu e logo em seguida ele se afastou, encerrando o beijo com breves selinhos.
Levou longos minutos para que suas respirações retomassem o ritmo normal e nesse período todo Wonwoo não deixou de observar como as bochechas de Mingyu tomaram um tom avermelhado, mas não tanto quanto seus lábios que agora se destacavam no rosto do garoto. Quando o silêncio falou mais alto, Wonwoo limpou a garganta, atraindo a atenção de Mingyu.
— Se você não se importa, eu meio que…
Mingyu logo se deu conta do que estava acontecendo por baixo das calças do amigo e se levantou rapidamente enquanto ria.
— Desculpa, não foi a minha intenção.
— Talvez tenha sido a minha. - Wonwoo revidou com um sorriso sacana — Mas eu devia ter pensado direito, já que agora tenho um problema.
Mingyu, boquiaberto com a primeira frase do amigo, soltou uma gargalhada alta.
— Vai resolver isso aí, depois vem deitar comigo porque eu ainda estou irritado com o pessoal do grêmio e você sabe que um chamego antes de dormir vai me fazer melhorar.
Wonwoo nem se deu ao trabalho de responder e se trancou no banheiro por longos minutos. Nesse período, Mingyu preparou a cama e esperou o mais velho voltar. Quando a porta do banheiro abriu, ele rapidamente chamou Wonwoo para deitar-se, um convite que o mais velho nunca recusaria. Mingyu deitou no peito de Wonwoo, como sempre, que logo começou a fazer carícias em todo o perímetro das costas largas do mais novo.
— Wonwoo? - O mais novo chamou e obteve um murmúrio como resposta. — Eu não me importo se você me beijar assim mais vezes.
Ele riu quando Wonwoo suspirou e deu um soco sem força em seu braço.
— Se você não me arrumar um problema como o de antes, eu também não me importo.
— Aquele é um problema que eu também não me importo de resolver.
— Dorme de uma vez, Mingyu!
Wonwoo reclamou em tom brincalhão mas logo se desfez em gargalhadas, junto a Mingyu.
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BEST MATES
Wonwoo/Mingyu
EPISÓDIO DOIS
(29.08.2020)
Sumário
Wonwoo precisa ir bem em seu teste de álgebra e Mingyu é muito bom em matemática.
— Merda, eu odeio essa matéria! Fala sério não entendo porra nenhuma! — Wonwoo exclama irritado enquanto anota agressivamente uma das várias fórmulas matemáticas em um dos livros espalhados sobre a mesa.
Um shhh é direcionado a ele, oriundo de uma garota estudando na mesa ao lado. Aquilo foi o estopim para que ele levantasse bruscamente e começasse a guardar suas coisas com agressividade. Ele estava sentado na biblioteca há, mais ou menos, três horas lendo e relendo o mesmo conteúdo para o teste que teria na manhã seguinte, então seu estresse era justificável. Ele havia tentado estudar antes, porém havia lançado uma nova temporada do seu jogo favorito e ele acabou passando tempo demais na frente do computador. O que foi, claramente, uma péssima ideia, já que ele tinha dificuldades com o assunto e devia ter mais tempo para tirar suas dúvidas.
Com passos pesados e a música alta nos fones, ele voltou ao seu apartamento. Abriu a porta com força, mas fechou-a com cuidado quando viu que nenhuma luz estava acesa, temendo que Mingyu estivesse dormindo; ele definitivamente não queria acordá-lo. Esforço esse que foi em vão, uma vez que, enquanto ele dava seus primeiros passos para o interior da casa, a luz do banheiro iluminou o corredor e parte da sala.
— Achei que você estava dormindo. — Ele comentou enquanto tirava os fones, soltava a mochila e os livros que carregava na mesa, antes de encarar o amigo.
— Eu estava indo pra cama, na verdade. Que horas são? — Mingyu questionou enquanto esfregava uma toalha no cabelo molhado, havia acabado de tomar banho. Wonwoo ignorou o pensamento que surgiu em sua cabeça e desviou a atenção para o celular.
— Quase dez da noite. — Mingyu assentiu e seus olhos caíram nos livros que o mais velho havia acabado de colocar na mesa.
— Você estava estudando até agora? — Ele pergunta surpreso, Wonwoo responde com um murmúrio em afirmação enquanto bebia a água que acabara de se servir. — Você tem um teste amanhã ou algo do tipo?
— Teste de álgebra. — Ele encontrou os olhos do amigo e fez sua melhor cara de dor. — Me mata, por favor.
Mingyu gargalhou e caminhou na direção do mais velho, quando estava perto o suficiente, ele abriu e começou a folhear um dos livros. Com a ajuda de Wonwoo, ele encontrou o assunto que o amigo precisava estudar e suspirou.
— Você tem sorte que eu sou muito bom nesse assunto e posso te ajudar a estudar. — Ele pendurou a toalha no pescoço e encarou Wonwoo. — Se quiser claro, já está tarde mesmo.
— Eu quero! — Wonwoo respondeu rápido, soando quase que desesperado, o que gerou uma gargalhada em Mingyu. — Eu preciso ir bem nessa merda ou me ferro no final do semestre.
— Eu te ajudo, relaxa. Mas você vai ter que pagar meu almoço amanhã, gastei a minha grana hoje. — Wonwoo lança um olhar curioso na direção do amigo que balança os ombros e continua. — Estava em promoção, okay?
— Mingyu, o que você comprou? — Ele insiste e Mingyu suspira em resposta.
— Uma luminária de gatinho. — Ele fala baixo, mas audível o suficiente para Wonwoo rir e sair em direção ao quarto do garoto.
Ele se depara com a dita luminária posicionada na mesa de Mingyu, era fofa, ele não podia negar. Wonwoo balança a cabeça e volta para a sala, onde o melhor amigo abria mais um de seus livros de álgebra.
— Vou tomar banho, já volto. — Wonwoo fala, Mingyu sai da cozinha mordendo uma maçã e assente antes do mais velho entrar no banheiro.
Minutos depois, era Wonwoo que esfregava uma toalha nos cabelos úmidos na tentativa de secá-los rapidamente. Ele se sentou ao lado de Mingyu, que já havia comido sua maçã e agora deslizava o dedo pela tela do celular, o garoto logo desviou sua atenção para o amigo e Wonwoo fingiu não ver ele umedecendo os lábios.
— Você viu que o Jeonghan adotou um cachorrinho? — Mingyu comentou e Wonwoo assentiu, recebendo um olhar chocado do mais novo.
— Ele literalmente postou no Instagram, você que está vendo as coisas atrasado, Gyu. — Wonwoo deu uma risada nasalada e olhou para o amigo, Mingyu tinha um olhar levemente surpreso, mas esse logo foi substituído pelo seu semblante normal.
— Vamos acabar logo com isso, eu quero dormir pelo menos três horas hoje.
Ele puxou o livro para perto e sem mais delongas os dois mergulharam nos exercícios de álgebra que, anteriormente, Wonwoo passara horas tentando resolver e falhando miseravelmente. Mingyu parecia dominar o assunto, resolvia as contas com facilidade e explicava como tudo funcionava para que Wonwoo entendesse o quê e porquê estava calculando. Wonwoo não admitiria em voz alta, mas a forma que Mingyu recitava os resultados das expressões numéricas fazia-o parecer a pessoa mais inteligente do mundo e ele não gostava das coisas que isso lhe fazia sentir — simplesmente, porque não entendia exatamente o que estava sentindo. Quando o relógio marcava alguns minutos depois das duas da madrugada, Wonwoo fechou o livro após resolver o enésimo exercício com a ajuda de Mingyu. Ele derrubou a cabeça contra o livro e soltou um grunhido, demonstrando que estava exausto e esgotado mentalmente.
— Chega, eu não aguento mais. — Ele respirou fundo e guardou seus materiais. — Como você faz isso com tanta facilidade? É irritante.
— Irritante? Como assim? Por que? — Mingyu estava claramente confuso.
— Porque essa merda é difícil, mas quando você faz parece uma simples conta de somar.
Mingyu ri alto com a resposta de Wonwoo, que estava levemente alterado sob o efeito do sono e da fadiga.
— É que eu sou inteligente. Não sei se você sabe como é isso. — Ele brinca, mas seu sorriso divertido morre quando ele vê o semblante de Wonwoo. Seus olhos escuros eram penetrantes e, sem motivo aparente, o mais novo fica sem ar.
— Você é inteligente mesmo, Gyu. — Ele fala com um tom sério, que faz Mingyu engolir em seco. — E isso te faz atraente pra caralho.
Mingyu quis acreditar que aquilo era efeito do sono no cérebro de Wonwoo, mas o olhar do mais velho sobre si o fez duvidar disso. Mais uma vez a atmosfera pareceu ficar pesada e ele ficou sem ar na mesma velocidade que seu rosto esquentou: rapidamente. Eles estão sentados lado a lado no chão da sala, que, por sua vez, está iluminada somente pela luminária que pintava as silhuetas dos rapazes de um tom dourado quase laranja e clareava as páginas dos livros, era quente e confortante. Wonwoo estava próximo o suficiente do amigo para que seus ombros se tocassem volta e meia e seus joelhos esbarrassem o tempo todo. Mingyu sentia seu coração batendo na garganta numa velocidade anormal, mas o desejo de se aproximar de Wonwoo era maior que seu medo de ter um ataque cardíaco.
Sem pensar muito, ele aproximou seu rosto do mais velho e recebeu uma reação parecida de Wonwoo, que se inclinou em sua direção também, indicando que suas intenções eram as mesmas. Num instante as mãos de Wonwoo estavam no chão, servindo de apoio, e no outro estavam segurando o rosto de Mingyu quando seus lábios se encontraram pela segunda vez naquele mês. Mingyu largou o lápis que tinha em mãos e segurou a cintura de Wonwoo, trazendo-o para mais perto e intensificando o beijo. Wonwoo deixou escapar um suspiro quando sentiu o aperto que o mais novo deu em sua cintura e retribuiu com uma leve mordida no lábio inferior de Mingyu. O mais novo grunhiu e Wonwoo decidiu que era melhor parar por ali. Lentamente, ele afastou seus lábios, esses que ainda voltaram a procurar pelos de Mingyu algumas vezes em selares curtos, antes de se separarem totalmente.
— Conseguiu entender alguma coisa do conteúdo? — Mingyu perguntou ainda meio sem ar, como se quisesse desviar o assunto.
— Consegui, valeu pela ajuda. — Wonwoo clareou a garganta depois de responder.
— Se precisar novamente, é só me falar.
Mingyu se levantou, prestes a ir para o quarto, mas antes disso ele voltou a se abaixar e deu um breve beijo em Wonwoo, que ficou estático com o choque após a ação repentina de Mingyu.
— Pra dar sorte no teste. — Ele sorri e se levanta. — Mas você é inteligente, sei que vai ir bem de qualquer jeito.
Mingyu caminha para o quarto e Wonwoo tenta assimilar tudo que aconteceu nesses últimos minutos. Seus pensamentos são interrompidos pelo barulho da porta do quarto do mais novo abrindo novamente.
— Agora vai dormir, porque eu não fiquei acordado até essa hora para você dormir no meio da prova e ir mal.
A porta bate novamente e Wonwoo ri sozinho, logo se levantando e indo para o seu próprio quarto também. Após o desejo de boa sorte que recebera de Mingyu, uma boa noite de sono com certeza o faria ir bem em seu teste.
SPOILER: Wonwoo foi bem na prova e Mingyu ganhou um almoço de graça como agradecimento.